Eurobarómetro de inverno 2025: europeus querem que a UE os proteja e atue de forma unida
O Eurobarómetro de inverno de 2025 do Parlamento Europeu, divulgado hoje, destaca níveis históricos de aprovação à adesão à UE relacionados com a paz e a segurança.
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74% dos europeus (91% dos portugueses) acreditam que o seu país beneficia da adesão à União Europeia (UE); 62% dos europeus (67% dos portugueses) gostariam de ver o Parlamento Europeu desempenhar um papel mais importante
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66% dos europeus (76% dos portugueses) querem que a UE desempenhe um papel mais importante na proteção contra crises globais e riscos de segurança
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A defesa e a segurança e também a competitividade devem ser as principais prioridades políticas para reforçar o papel global da UE; em Portugal, essas prioridades são a competitividade, economia e indústria (41%), seguidas da defesa e segurança (39%)
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O apoio à saúde pública é assunto prioritário que 58% dos portugueses gostariam de ver endereçado pelo Parlamento Europeu, seguido da inflação, aumento de preços e custo de vida (57%)
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91% dos portugueses concorda que a adesão à UE foi benéfica para o país, refletindo um valor mais elevado que o da média europeia (74%)
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Quase nove em cada dez (89%) cidadãos da UE afirmam que os Estados-Membros devem agir de forma mais unida para enfrentar os desafios globais atuais
A presidente do Parlamento Europeu, Roberta Metsola, disse:
Dois terços dos europeus querem que a UE desempenhe um papel mais importante na sua proteção. Este é um apelo claro para a ação, ao qual vamos responder. A Europa deve ser mais forte para que os nossos cidadãos se sintam mais seguros. O Parlamento Europeu pode assegurar que cada proposta apresentada seja ousada e ambiciosa o suficiente para corresponder ao sério nível de ameaça que a Europa enfrenta. A Europa deve agir hoje ou arrisca-se a ser ultrapassada amanhã.
66% dos cidadãos querem que a UE desempenhe um papel mais importante na proteção contra crises globais e riscos de segurança. Esta opinião predomina entre os jovens que responderam ao inquérito. A nível nacional, os resultados a favor de um papel mais forte da UE variam entre 87% na Suécia e 44% na Polónia.
Quase três quartos dos cidadãos da UE (74%) acreditam que o seu país beneficiou por ser membro da UE. Este é o resultado mais expressivo a esta questão, desde que foi feita pela primeira vez num inquérito Eurobarómetro, em 1983. No contexto atual, os inquiridos apontam a contribuição da UE para a manutenção da paz e o reforço da segurança (35%) como a principal razão para considerarem benéfica a adesão.
Além disso, existe um amplo consenso entre os cidadãos da UE de que os Estados-Membros devem estar mais unidos para enfrentar os atuais desafios globais (89%) e que a União Europeia precisa de mais recursos para lidar com os desafios que se avizinham (76%). Os portugueses seguem a tendência europeia no que respeita à união entre Estados-Membros para melhor enfrentar os desafios globais atuais, com 92% a responder que deve ser essa a abordagem a tomar e 85% a defender mais recursos disponíveis para tal (nove pontos a mais do que a média da UE).
Cidadãos esperam que a UE reforce a sua posição no mundo
Num ambiente geopolítico em constante transformação, a defesa e segurança (36%), assim como a competitividade, economia e indústria (32%), são identificadas como as áreas nas quais a UE deve concentrar maior atenção para reforçar a sua posição no plano global. Estes foram também os tópicos em destaque na última reunião do Conselho Europeu, na qual a presidente do Parlamento Europeu apelou a uma ação mais rápida e ousada. Enquanto os resultados sobre defesa e segurança se mantiveram estáveis em comparação com fevereiro/março de 2024, as respostas a mencionarem a competitividade, economia e indústria cresceram cinco pontos. A estas duas áreas seguem-se a independência energética (27%), a segurança alimentar e agricultura (25%) e a educação e investigação (23%).
Os dados apurados em Portugal refletem a mesma predisposição que na Europa para reforçar a posição da UE no mundo, embora os portugueses coloquem a competitividade, economia e indústria como primeira prioridade (41%), e a defesa e segurança (39%) como segunda. A segurança alimentar e agricultura (31%) são a terceira prioridade, seguida da independência energética (30%).
Assuntos em que o Parlamento Europeu se deve focar
As questões económicas e de segurança também se encontram em primeiro plano quando se trata dos tópicos que os europeus querem que o Parlamento Europeu tome como prioridades. Quatro em cada dez europeus mencionam a inflação, o aumento dos preços e o custo de vida (43%), seguidos pela defesa e segurança da UE (31%), a luta contra a pobreza e a exclusão social (31%) e o apoio à economia e à criação de novos empregos (29%). A inflação, o aumento dos preços e o custo de vida são uma prioridade para todas as faixas etárias, com resultados mais elevados registados em Portugal (57%), França (56%), Eslováquia (56%), Croácia (54%) e Estónia (54%).
O assunto prioritário que os portugueses gostariam de ver endereçado pelo Parlamento Europeu é o apoio à saúde pública, com 58% das respostas – comparativamente a 25% na UE. Depois da inflação (57%), seguem-se o apoio à economia e a criação de novos postos de trabalho (49%) e, na quarta posição, o combate à pobreza e à exclusão social (47%).
Conforme demonstrado no inquérito anterior do Parlamento Europeu, a inflação e o custo de vida já eram preocupações nas últimas eleições europeias; a situação económica continua a suscitar apreensão para muitos europeus. Um terço dos europeus (33%) admite que a sua qualidade de vida diminua nos próximos cinco anos (+7 pontos do que em junho-julho de 2024). Esta tendência verifica-se em 53% dos inquiridos franceses (+8 pontos) e em 47% dos alemães (+15 pontos).
Embora os resultados de europeus e portugueses sejam idênticos sobre a perceção do aumento do nível de vida nos próximos 5 anos (14%), são ligeiramente mais os portugueses que acreditam que este vai decrescer (35%) – mais 2 pontos do que a UE; 42% acredita que o seu nível de vida não irá sofrer alterações.
Paz e democracia mantêm-se os valores centrais da UE
Ao analisar os valores que os europeus gostariam que o Parlamento Europeu defendesse, a paz (45%), a democracia (32%) e a proteção dos direitos humanos na UE e no mundo (22%) são os mais mencionados. As respostas a esta pergunta permaneceram estáveis, revelando o apoio contínuo dos cidadãos aos valores e princípios fundadores da UE.
Do mesmo modo, os portugueses destacam a paz como valor primordial a defender, com 47%. Porém, a proteção pelos Direitos Humanos na UE e no mundo ocupam o segundo lugar, com 27%, ao contrário do que se verifica nos resultados da média europeia. Em terceiro lugar encontra-se a defesa da democracia, com 26% das respostas.
Dois terços dos cidadãos apoiam um papel mais forte do Parlamento Europeu
Como uma análise histórica demonstra, em momentos de crise os cidadãos olham para a UE em busca de ações decisivas e soluções. Quando a UE é percecionada como unida e como uma instituição que oferece soluções, os indicadores de apoio são elevados. É essa a situação atual: 50% dos inquiridos têm uma imagem positiva da UE. Na última década, essa perceção positiva foi mais alta apenas uma vez (com 52%), na primavera de 2022, após a invasão russa da Ucrânia.
A imagem positiva do Parlamento Europeu permanece estável num nível elevado (41%). Alguns meses após o início da legislatura, mais de seis em cada dez (62%) cidadãos europeus gostariam de ver o Parlamento Europeu desempenhar um papel mais importante, um aumento de seis pontos em comparação com fevereiro-março de 2024, alguns meses antes das eleições europeias de junho de 2024.
Em Portugal, 67% dos inquiridos tem uma imagem “totalmente positiva” sobre o Parlamento Europeu, 26 pontos acima dos resultados europeus. No entanto, também se verifica uma maior percentagem de uma perceção “totalmente negativa”, com 19% no caso português e apenas 6% na média dos restantes países.
Em consonância com estes resultados, 67% dos inquiridos portugueses gostaria de ver o Parlamento Europeu ter um papel com maior relevância, contra 12% que prefere uma menor influência – valores menores em comparação com os 25% da UE. Por conseguinte, 91% dos inquiridos portugueses acredita que a adesão à UE foi benéfica para o país, com 82% a concordar que as ações da UE têm impacto no seu quotidiano. Este é um valor mais elevado do que o da média europeia (74%), sendo a contribuição da UE para o crescimento económico o principal motivo para esta posição (com 46% dos portugueses face a 28% da média da UE).
Quanto à imagem da UE, Portugal foi o Estado-Membro com maior expressão na resposta “totalmente positiva” (75%). Ainda assim, quando questionados sobre a forma como os como os cidadãos poderiam estreitar a sua ligação com os eurodeputados, a opção mais votada para os portugueses foi “nada, não quero estar mais próximo das atividades dos eurodeputados” (38%). Estes resultados podem refletir algumas incongruências em relação às repostas anteriores.
Página com os resultados completos
Contexto
O Eurobarómetro de inverno de 2025 do Parlamento Europeu foi realizada pela agência de pesquisa Verian entre 9 de janeiro e 4 de fevereiro de 2025, em todos os 27 Estados-Membros da UE. O inquérito foi realizado pessoalmente, com entrevistas por vídeo (CAVI) também realizadas na República Checa, Dinamarca, Finlândia, Malta, Países Baixos e Suécia. Foram realizadas 26.354 entrevistas no total e os resultados da UE são ponderados de acordo com o tamanho da população de cada país.